Pesquisa realizada no Reino Unido mostra que autistas têm mais doenças crônicas e pior acesso à serviços de saúde
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Segundo um recente estudo da University of Cambridge, na Inglaterra, pessoas autistas apresentam maior probabilidade de vivenciar transtornos crônicos de saúde. Ainda, os autistas denunciaram que os serviços de saúde aos quais têm acesso são de qualidade mais baixa do que o de outras pessoas. Tais descobertas, publicadas no periódico Molecular Autism, têm implicações importantes no suporte e serviços de saúde voltados para essas pessoas.
Enquanto alguns estudos sugeriram previamente que pessoas autistas poderiam enfrentar barreiras significativas para acessar serviços de saúde, apenas alguns poucos estudos compararam as experiências de pessoas autistas e serviços de saúde às experiências de pessoas típicas com esse serviços.
No maior estudo realizado sobre esse tópico, os pesquisadores do Autism Research Center (ARC), em Cambridge, utilizaram uma pesquisa anônima para comparar experiências de 1285 indivíduos autistas às de 1364 indivíduos típicos, entre 16-96 anos de idade de 79 países diferentes. 54% dos participantes eram do Reino Unido. A pesquisa contemplou taxas de condições de saúde mental e física e a qualidade das experiências com serviços de saúde.
As respostas de pessoas autistas indicaram menor qualidade nos serviços de saúde utilizados por essas pessoas, em comparação às pessoas típicas, em 50 de 51 itens da pesquisa conduzida. Autistas também demonstraram, em suas respostas, maiores dificuldades em descrever a sensação de sintomas de uma doença no corpo, de descrever a intensidade das dores sentidas, de explicar sintomas e de compreender os encaminhamentos indicados por profissionais da saúde consultados. Ainda, autistas apresentaram menor probabilidade de saber o que profissionais da saúde esperavam deles quando em uma consulta, bem como de sentir que receberam o suporte adequado após receber diagnóstico de qualquer tipo.
Outro dado interessante: autistas apresentaram probabilidade 7 vezes maior de relatar que seus sentidos frequentemente se encontram sobrecarregados a ponto de terem problema em focar durante conversas com profissionais da saúde. Ainda, eles apresentaram probabilidade três vezes maior de dizer que frequentemente saem do consultório dos profissionais da saúde sentindo que não receberam nenhuma ajuda. Por fim, pessoas autistas apresentaram, também, probabilidade quatro vezes maior de relatar vivenciarem shutdowns e meltdowns em situações cotidianas relacionadas a contextos de saúde, como marcar uma consulta.
O time de pesquisadores também descobriu, em pessoas autistas, taxas preocupantes de condições de saúde crônicas, incluindo artrite, dificuldades respiratórias, condições neurológicas, anorexia, ansiedade, TDAH, bipolaridade, depressão, insônia, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), transtornos do pânico, transtornos de personalidade, Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e automutilação.
A doutora Elizabeth Weir, cientista de pós-doutorado no ARC, em Cambridge, e outros pesquisadores à frente da pesquisa, afirmaram que “o estudo deveria acionar o alarme de profissionais da saúde para o fato de que seus pacientes autistas estão vivenciando altas taxas de condições crônicas, junto a dificuldades em acessar os serviços de saúde. Os atuais sistema de saúde estão falhando em atender necessidades extremamente fundamentais de pessoas autistas.”
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