Boas notícias: pesquisa mostra melhora nas formas de representar adultos autistas em filmes, televisão, livros e outras mídias nos EUA
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Você conhece a série “Atypical”, exibida pela Netflix? Atypical conta a história de um jovem autista, seus anseios, relações e desafios. A série é super bem falada por representar muito bem a rotina de um jovem autista, mas será que essa é a mesma realidade de todas as séries, livros, reportagens e outras mídias de sucesso ao representarem autistas? Uma nova pesquisa da Universidade de Santa Cruz (UC), na Califórnia, nos Estados Unidos (EUA), pode nos dar uma pista sobre a resposta.
A pesquisa revelou melhora significativa na representação de adultos autistas na televisão, em livros, na cobertura midiática e em sites de organizações de defesa. Publicada no jornal “Autism in Adulthood”, é uma atualização à outra publicação de 2011, intitulada “Infantilizing Autism” (“Infantilizando o Autismo”, em tradução literal) e publicada na revista Disability Studies Quarterly. Tal publicação descobriu, em 2011, que, popularmente, o autismo era representado, majoritariamente, focado em crianças.
Para analisar como as representações em torno do autismo mudaram, um dos locais contemplados pelo estudo foram sites de algumas das mais renomadas organizações de defesa e caridade voltadas para o autismo. Os pesquisadores revisaram materiais online de 49 sedes estatais e regionais da Autism Society of America e chegaram à conclusão que, atualmente, 20% das fotografias utilizadas nos materiais para representar o autismo exibiam indivíduos adultos, em comparação aos 5% encontrados no estudo de 2011. Outro resultado animador: 80% desses sites mencionou autistas adultos. Uma revisão de outras 16 instituições mostrou resultados semelhantes.
Na indústria do entretenimento, os pesquisadores analisaram 124 filmes e programas de televisão com estreia entre 2010 e 2019 que traziam personagens autistas. Eles descobriram que 58% desses personagens eram crianças, ao passo que, no estudo de 2011, esse número correspondia a 68%. Um dos fatores que podem ter contribuído para o novo resultado, segundo o novo estudo, se deve ao fato dessas produções estarem, gradualmente, trazendo times de consultores para aconselhar sobre como representar autistas de forma correta, sobretudo devido às crescentes exigências por representações corretas por influenciadores autistas.
No mercado editorial, os níveis de representação foram um pouco diferentes. Os pesquisadores revisaram 484 livros de ficção de língua inglesa publicados entre 2010 e 2017 que, em suas descrições, mencionaram personagens autistas. Desses personagens, 81% eram crianças, ao passo que, no estudo anterior, esse número era de 91%. O estudo atual verificou, ainda, que do total de livros, os que representaram crianças autistas de forma mais fidedigna eram direcionados ao público adulto.
Sobre veículos noticiosos, das 90 matérias jornalísticas veiculadas em jornais impressos, televisão e rádio nos Estados Unidos, 58% trouxe crianças autistas ao invés de adultos, em comparação aos 79% encontrados no estudo de 2011. Por fim, o novo estudo identifica que, apesar de autistas adultos estarem cada vez mais sendo representados pela imprensa, eles ainda são representados com características infantis. Por exemplo, identificou que um terço das notícias analisadas que incluíam adultos autistas também mencionaram seus pais.
Os resultados são interessantes para mostrar que, ao menos no cenário norte-americano, há mudanças significativas na forma de representar o autismo nas mídias. No entanto, ainda temos muito a evoluir sob esse aspecto!
Fonte: News-Medical
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